Sorria
maliciosamente e me diga: Qual seu pecado favorito? Aquele que você faz e sente
pleno prazer, aquele que você faz com vontade, desejando mais, suplicando por
mais um gole? Por que esta sua santidade não me convence, quem é louco sabe, já
viu, já mergulhou na vontade de realizar um pecado... Quem nunca admirou a
grama do vizinho? Quem nunca cobiçou? Quem nunca passou a perna mentalmente?
Quem nunca? Quem sempre? Seu prazer diário tá ai e do outro lado a hipocrisia e
o cinismo dão as mãos, tentam te convencer, tentam me convencer, que o gozo faz
mal, faz mal porque não procria. Quero ver rasgar as roupas de nome máscara.
Essa proposta tá lançada, quero ver você sucumbir ao prazer, debater-se.
Morrer, porque quem se despe, está acorrentado a morrer como oposição, exceto
se ele for o felizardo e procriar a insatisfação.
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
terça-feira, 28 de agosto de 2012
Dedico, enfim a você.
Ei, você! Você
mesmo! A você dedico estas linhas tortas, embargadas de melancolia, de muito eu
lírico, de prosa sem rima, de uma tarde ociosa, de um vagabundo ocupado, que
sonha em dominar o mundo. Mas isso não vem ao caso. O caso é o seguinte:
desapareça. É você mesmo, você leu corretamente, desapareça. Tá ouvindo
mentalmente minha voz ecoar? Então pronto, desapareça. Suma dos meus sonhos,
suma dos meus pensamentos, estou cansado de pensar em você. Já sinto nojo de
mim só de pensar que um dia eu quis o melhor pra você. Por que a revolta?
Porque você é descartável. Novamente, desapareça. Suma por aquela porta, se
jogue da janela, voe andorinha, voe abelhinha. Vai produzir seu néctar. Olhe os
céus, veja como chove, aproveite agora, e tome um banho e sofra uma descarga
elétrica, e morra, assim, enfim desaparecerás. Por que desejo isso? Porque to
vomitando só de olhar pra você, ainda
não percebeu. Hoje sou Machado, e Assis vai porque teu olhar de ressaca, não é
sedutor, é de ressaca mesmo, porque o porre que eu bebi não me faz esquecer
você. Porque nos meus olhos tem uma lente espelhar que no começo, no meio e no
fim, eu vejo apenas um reflexo no espelho. Assim, dedico, enfim a você leitor.
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Via única.
Você diz ver uma
linha amarela pontilhada na sua frente. Realidade distorcida. Você vê um
sorriso e acha que é a felicidade, que é um farol indo em sua direção, mas não
colide. Ou melhor, teu cérebro te engana fazendo acreditar que se choca, ai o
tempo passa, e você percebe que a Ferrari era apenas um carrinho de controle
remoto, e você tá ali sozinho, seguindo naquela direção, distribuindo,
sorrisos, abraços, ouvidos. No fim, tudo é uma aposta, você aposta em ruas,
becos, vielas, avenidas, viadutos, pontes, e no fim caminham pra você mesmo.
Porque nada é eterno, apenas sua vontade, apenas seu sentimento. Pode ser
depressivo pensar numa realidade verbalizada, mas a verdade é que nunca iras
colidir com ninguém, além de tu mesmo. No espelho.
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
Confissões num rabisco.
Confesso que já
senti vontade de criptografar segredos e espalhar pela web; de escrever de um
futuro cego, de uma fé quase greco-romana; de ler gibis, mas pensar que tô
lendo Freud, e simplesmente filosofar. De
olhar pro lado, e apenas sorrir, esperando uma cara emburrada, de uma
criança qualquer; Vontade de me melar de sorvete de chocolate e passar minha
tarde jogando uma aventura qualquer no computador. De raptar a vizinha, por um
motivo fútil. De vender sonhos, e comprar realidades. De parar o tempo, ou
avançar cenas chatas. De trabalhar sentado numa plateia de circo, comendo
pipoca e bebendo guaraná. De ser uma alma vazia sentada no bar, de caçar
ventos, e colher furacões, regar de vinagre de uva. Dançar no bosque, sentar no
baile, velejar numa geleira, e me banhar num lago congelado. Mas, espera, o
tempo do coelho despertou, Alice acordou, e você viajou. Confesse!
quarta-feira, 25 de julho de 2012
Ciranda.
Num círculo
imaginário, almas embriagadas cantarolavam em diversos sons, um coro uníssono.
Um ritmo demoníaco bailava no cintilar teme dos olhos, era fogo molhado, que
quer devorar uma lebre, pois o leão observa a presa. Quero te morder, quero
brincar de morder, quero amolar minhas presas, minhas armas, quero corta-lhe a
pele, retalhar-te, ver sangue escorrer, pois sangue é vermelho, vermelho como o
prazer. Quero lamber suas feridas, como um cachorro. Quero enxugar suas
lágrimas com minha língua, sugar a mensagem dos seus olhos com a boca. Quero
gargalhar sem medo... Nessa ciranda, o que importa mesmo, é ver a poeira
levantar. Esqueça a fantasia da música, o que importa são as armas e as
armaduras de Jorge, avante!, o dragão é o medo, medo este que está além da lua,
está do seu lado, atrás de você, na sua frente. Depende do referencial. Mas é
igual a você, sendo mais forte que você, mas a vitória é sua. Sombras, não
aparecem nas trevas. Mas não adianta viver, se não existir nãos. O que diria da
vitória? Vamos apenas bailar. Rodar. Ciranda.
terça-feira, 10 de julho de 2012
me empresta teu ouvido?
Já pediram pra você
simplesmente fechar os olhos, e respirar o ar da montanha, e se jogar nesse
precipício? Não! Então me dê a mão. Melhor, toma este empurrão. Consegue ver a
aurora boreal, o multicolorido? O astral? Os astros? A felicidade e a tristeza passaram
agora, roubaram tuas lágrimas e jogaram no mar como oferenda, Iemanjá te adora.
Ela te espera, sorrindo, pra te jogar num abismo límpido, salgado, de cheiro de
maresia, toque de silêncio, roçar de alga. Embalado num plástico de drops
qualquer está sua droga alucinógena, você fecha os olhos, mas não vê nada,
melhor vê tudo, vê o rodopio, giras, giras pomba, gira. Ouves os batuques
embriagantes. Como uma cigana que requebra loucamente seus quadris, vejo a
estrela Dalva. Samba, crioula. Esses poucos metros quadrados de terreiro é
nosso. Olha os batuques. Ria, chore. Baque...
No chão a alguns
metros, encontrava-se ali o corpo branco, cercado de aves, cheirando a carniça,
banhado pela maresia, empestado de moscas, zumbia a loucura.
domingo, 8 de julho de 2012
lágrima de ártemis.
Numa noite sem
estrelas, procurei sua constelação, seu sorriso. No efêmero perdido, ouvindo um
blues pesado que me lembrava o futuro desesperador. O sonho. O passado
rabiscado na parede de uma caverna, vi a evolução. Do ser, do macaco. Do
animalesco ser que fui, foi-se pra velhice ranzinza. Que sorria, sorria pra céu
estrelado, de um dia ensolarado, de uma noite outonal. Cheiro de outono, folha
seca, terra molhada, de angústia mastigada, de sentimentos vomitados. Figuram
um beijo. Uma lágrima, desculpa, era uma gotícula de chuva, da nova Diana
escondida do imponente escorpião.
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