quarta-feira, 25 de julho de 2012

Ciranda.


Num círculo imaginário, almas embriagadas cantarolavam em diversos sons, um coro uníssono. Um ritmo demoníaco bailava no cintilar teme dos olhos, era fogo molhado, que quer devorar uma lebre, pois o leão observa a presa. Quero te morder, quero brincar de morder, quero amolar minhas presas, minhas armas, quero corta-lhe a pele, retalhar-te, ver sangue escorrer, pois sangue é vermelho, vermelho como o prazer. Quero lamber suas feridas, como um cachorro. Quero enxugar suas lágrimas com minha língua, sugar a mensagem dos seus olhos com a boca. Quero gargalhar sem medo... Nessa ciranda, o que importa mesmo, é ver a poeira levantar. Esqueça a fantasia da música, o que importa são as armas e as armaduras de Jorge, avante!, o dragão é o medo, medo este que está além da lua, está do seu lado, atrás de você, na sua frente. Depende do referencial. Mas é igual a você, sendo mais forte que você, mas a vitória é sua. Sombras, não aparecem nas trevas. Mas não adianta viver, se não existir nãos. O que diria da vitória? Vamos apenas bailar. Rodar. Ciranda.

terça-feira, 10 de julho de 2012

me empresta teu ouvido?


Já pediram pra você simplesmente fechar os olhos, e respirar o ar da montanha, e se jogar nesse precipício? Não! Então me dê a mão. Melhor, toma este empurrão. Consegue ver a aurora boreal, o multicolorido? O astral? Os astros? A felicidade e a tristeza passaram agora, roubaram tuas lágrimas e jogaram no mar como oferenda, Iemanjá te adora. Ela te espera, sorrindo, pra te jogar num abismo límpido, salgado, de cheiro de maresia, toque de silêncio, roçar de alga. Embalado num plástico de drops qualquer está sua droga alucinógena, você fecha os olhos, mas não vê nada, melhor vê tudo, vê o rodopio, giras, giras pomba, gira. Ouves os batuques embriagantes. Como uma cigana que requebra loucamente seus quadris, vejo a estrela Dalva. Samba, crioula. Esses poucos metros quadrados de terreiro é nosso. Olha os batuques. Ria, chore. Baque...

No chão a alguns metros, encontrava-se ali o corpo branco, cercado de aves, cheirando a carniça, banhado pela maresia, empestado de moscas, zumbia a loucura.

domingo, 8 de julho de 2012

lágrima de ártemis.


Numa noite sem estrelas, procurei sua constelação, seu sorriso. No efêmero perdido, ouvindo um blues pesado que me lembrava o futuro desesperador. O sonho. O passado rabiscado na parede de uma caverna, vi a evolução. Do ser, do macaco. Do animalesco ser que fui, foi-se pra velhice ranzinza. Que sorria, sorria pra céu estrelado, de um dia ensolarado, de uma noite outonal. Cheiro de outono, folha seca, terra molhada, de angústia mastigada, de sentimentos vomitados. Figuram um beijo. Uma lágrima, desculpa, era uma gotícula de chuva, da nova Diana escondida do imponente escorpião.